Em um mundo que oferece as mais variadas opções de psicoterapia, por que escolher justamente a Psicoterapia Psicanalítica para iniciar seu tratamento psicológico? Quais são as vantagens que ela pode trazer para a sua vida? Para que possamos responder a essas e outras perguntas, é importante que, antes, façamos uma breve discussão sobre o que é a ciência psicanalítica.

O que é Psicanálise?

A Psicanálise foi criada pelo neurologista Sigmund Freud em 1895. Enquanto trabalhava em um hospital, Freud atendeu a pacientes que apresentavam sintomas físicos que não tinham origem orgânica; ou seja, não havia nenhuma doença física que pudesse explicar as paralisias que alguns pacientes estavam sofrendo. Para a nossa sorte, Freud resolveu escutar e atribuir importância ao que estava sendo dito por essas pessoas, classificadas pela Medicina como “histéricas”. Aos poucos, ele foi percebendo o papel do inconsciente na origem dos sintomas desses pacientes. Assim, dedicou a maior parte de sua vida depois de formado, ao desenvolvimento da ciência psicanalítica.

“A psicanálise tem a psique humana e tudo o que acontece com ela como objeto de estudo”, afirma o psicanalista brasileiro Renato Mezan. Assim, podemos inferir que a psicanálise se interessa pelo estudo daquilo que é intimamente humano como por exemplo, a maneira pela qual nos organizamos enquanto sociedade, as significações dos sonhos e pesadelos, a forma como nos relacionamos com outras pessoas, a origem dos afetos, entre muitos outros. 

O campo psicanalítico é vasto, e condiz com a complexidade da constituição humana. Por sua vez, a clínica psicanalítica se alimenta das produções teóricas, assim como a teoria se utiliza da clínica para se desenvolver. Abaixo, veremos o que anos de estudos e práticas podem proporcionar para um paciente que busca a psicoterapia psicanalítica.

O que a Psicoterapia Psicanalítica pode oferecer?

Dentre muitos outros fatores, abaixo estão algumas considerações sobre os benefícios da psicoterapia de orientação psicanalítica.

Alívio do sofrimento

As sessões de psicoterapia psicanalítica funcionam como um espaço de acolhimento de angústias. Por meio da fala, o paciente poderá expressar livremente o que está sentindo e pensando. Assim, ao se escutar e ao ouvir o que o psicólogo tem a dizer, o paciente iniciará uma caminhada rumo à maior compreensão de si mesmo. 

É importante destacar que a Psicanálise está em constante movimento e transformação, sendo que se atualiza constantemente por meio de produções teóricas e discussões sobre a prática clínica com o intuito de dar conta dos sofrimentos que vem ganhando destaque na contemporaneidade. Exemplos disso, são as depressões, toxicomanias e transtornos do pânico, temas discutidos por grandes psicanalistas brasileiros como Joel Birman e Luís Cláudio Figueiredo.

Há muitos outros exemplos relacionados aos diversos sofrimentos experienciados pelas pessoas, mas o essencial é que você compreenda que por meio da fala com um psicoterapeuta, o alívio da dor psíquica já pode se iniciar, uma vez que você será realmente escutado e não julgado. De fato, é por meio do raciocínio clínico que o psicoterapeuta de orientação psicanalítica poderá produzir uma escuta que leva em consideração o particular (o que é próprio de cada paciente) e o que é universal (o que diz respeito a todos os pacientes que possuem os mesmos sintomas). Essa escuta especializada em conjunto com a fala do paciente direcionam as intervenções psicoterápicas que poderão ajudar no melhor manejo do sofrimento. 

Compreensão do seu modo de funcionamento

Um dos papéis do psicólogo que tem a Psicanálise como fundamento teórico e prático, é o de respeito ao tempo interno do paciente. Por muitas vezes, as pessoas constroem mecanismos de defesa que as ajudam a lidar com seus cotidianos e situações que causam sofrimento. Assim, o psicólogo não pretende fazer ruir esses mecanismos de uma única vez. Ao invés disso, trabalha no ritmo do próprio paciente. É por meio desse respeito ao tempo interno do próprio paciente que a psicanálise também se destaca como ciência; afinal, como podemos impor um modo de trabalho para alguém que precisa digerir aos poucos o que está acontecendo em sua vida?

A ciência psicanalítica também nos chama a atenção quando diz sobre a repetição de certos padrões de funcionamento. Um exemplo disso são o de mulheres que tiveram relacionamentos com homens que foram abusivos. Quando essas mulheres conseguiam sair de algum desses relacionamentos, prometiam a si mesmas que não se comprometeriam mais com homens que lhes faziam mal. Entretanto, depois de um tempo, percebiam que estavam novamente em uma relação abusiva. É importante destacar que essas repetições são inconscientes, e o fato de ocorrerem com uma certa constância, é um aviso de que algo precisa ser trabalhado no mundo interno da pessoa.

O exemplo acima é apenas um dos muitos que dizem respeito sobre um modo de funcionamento cujos padrões se repetem. Assim, a psicoterapia psicanalítica pode ajudar o paciente a lançar luz nos motivos que o levam a certas repetições. Geralmente, nosso modo de se colocar no mundo está intimamente ligado a conflitos que vivemos em nossa infância. A psicanálise nos mostra que com exceção de certas patologias, muitos dos nossos sintomas estão relacionados a questões infantis.

Crescimento emocional e autoconhecimento

Em um mundo tão voltado para a exterioridade e para o narcisismo, a proposta psicanalítica é a de que o sujeito consiga se voltar para si mesmo. Quando olhamos para dentro, somos capazes de descobrir nossos potenciais e recursos. Entretanto, esse olhar também implica entrar em contato com partes de nós mesmos que não nos são agradáveis. Dito isso, é importante ressaltar que embora a psicanálise proponha um espaço de acolhimento das angústias, o sofrimento e o reconhecimento de “partes difíceis e feias” de nós mesmos também são necessários para que a transformação ocorra.

A consciência de suas capacidades e limites é fundamental para que o paciente consiga crescer emocionalmente e para gerar autonomia. Por meio de um trabalho psicanalítico sério e ético, é possível adquirir um maior autoconhecimento que ajude a separar o que é seu e o que é do outro, a fortalecer a si mesmo, a desenvolver auto apreciação, a enxergar o que antes parecia nebuloso, entre outros fatores. 

Ressignificações

O último item que gostaria de destacar é o das ‘ressignificações’. O psicólogo que trabalha com a orientação psicanalítica está continuamente atento aos significados que o paciente atribui às suas próprias experiências. O psicoterapeuta psicanalítico reconhece que, geralmente, a maneira como enxergamos os acontecimentos das nossas vidas diz respeito a quem somos. Por exemplo, uma pessoa bastante crítica e que julga os outros, pode estar se utilizando de um mecanismo de defesa chamado projeção. Ou seja, pode ser tão difícil para ela ter que lidar com o julgamento negativo que tem de si própria, que precisa colocar seus sentimentos hostis para o mundo exterior.

Quando conseguimos ressignificar a relação que temos com o mundo externo e, principalmente, com a gente mesmo, passamos a ver o mundo de outra forma. Já dizia Rubem Alves: “Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos”. Assim, se a pessoa consegue desenvolver maior tolerância consigo mesma, geralmente, conseguirá ser menos crítica em relação aos outros também.

Ressignificar também diz respeito a dar um novo sentido à vida. É reconhecer que apesar do vazio (ou vazios) interno(s), há a possibilidade de construir algo que seja transformador para si próprio. Novamente recorro a Rubem Alves, que nos diz que o voo do pássaro só acontece no vazio. Assim, é necessário encarar a dor desse vazio para que possamos enxergar do que realmente somos capazes. 

Psicóloga Natália Saab Sesquim – CRP 06/114220

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